Osama, um amigo palestino que trabalhou como voluntário no Karama, me enviou hoje de tarde este vídeo de um poema palestino sobre a Palestina. Como eu havia tratado de poesia durantes minhas aulas para as crianças, ele quis compartilhar comigo e eu repasso o favor compartilhando com vocês. No vídeo, a jornalista e poetiza Rafeef Ziadeh declama o poema "We Teach Life, Sir", em resposta a seguinte pergunta, feita por um jornalismo durante a cobertura dos ataques em Gaza: Você não acha que tudo estaria resolvido se vocês parassem de ensinar tanto ódio para as suas crianças?
Atualização: Finalmente publico a tradução do poema logo abaixo do vídeo. Em seguida, segue o texto no original em inglês.
Nós ensinamos vida, senhor.
Tradução por Tomaz Amorim Izabel
Hoje, meu corpo foi um massacre televisionado.
Hoje, meu corpo foi um massacre televisionado que teve de caber em frases de efeito e limite de palavras.
Hoje, meu corpo foi um massacre televisionado que teve de caber em frases de efeito e limite de palavras preenchido o bastante com estatísticas para se contrapor à resposta comedida.
E eu aperfeiçoei meu inglês e aprendi minhas resoluções da ONU.
Mas, mesmo assim, ele me perguntou, Sra. Ziadah, você não acha que tudo estaria resolvido se vocês parassem de ensinar tanto ódio para as suas crianças?
Pausa.
Eu procuro dentro de mim força para permanecer paciente, mas paciência não está na ponta da minha língua enquanto as bombas caem sobre Gaza.
A paciência acabou me escapando.
Pausa. Sorriso.
Nós ensinamos vida, senhor.
Rafeef, lembre-se de sorrir.
Pausa.
Nós ensinamos vida, senhor.
Nós palestinos ensinamos vida depois de eles terem ocupado o último céu.
Nós ensinamos vida depois de eles terem construído suas colônias e paredes de apartheid, depois dos últimos céus.
Nós ensinamos vida, senhor.
Mas hoje, hoje meu corpo foi um massacre televisionado feito para caber em frases de efeito e limite de palavras.
E dê-nos apenas uma história, uma história humana.
Veja, não é político.
Nós só queremos contar para as pessoas sobre você e seu povo então dê-nos uma história humana.
Não use aquela palavra "apartheid" e "ocupação".
Não é político.
Você tem que me ajudar como jornalista a te ajudar a contar sua história que não é uma história política.
Hoje, meu corpo foi um massacre televisionado.
Que tal você nos dar uma história de uma mulher em Gaza que precisa de medicação?
Que tal você?
Você tem membros de ossos quebrados o bastante para cobrir o Sol?
Me passe os seus mortos e me dê uma lista com os seus nomes em um limite de mil e duzentas palavras.
Hoje, meu corpo foi um massacre televisionado que teve de caber em frases de efeito e limite de palavras e emocione aqueles que são insensíveis a sangue terrorista.
Mas eles sentiram pena.
Sentiram pena pelo gado em Gaza.
Então eu dei a eles resoluções da ONU e estatísticas e nós condenamos e nós lamentamos e nós rejeitamos.
E estes não são dois lados iguais: ocupador e ocupado.
E uma centena de mortos, duas centenas de mortos e mil mortos.
E, neste meio tempo, crime de guerra e massacre, eu descarrego palavras e sorrio "não exótica", "não terrorista".
E eu reconto, eu reconto uma centena de mortos, mil mortos.
Tem alguém aí fora?
Alguém ouvirá?
Eu gostaria de poder lamentar sobre seus corpos.
Eu gostaria simplesmente de poder correr de pés descalços em cada campo de refugiados e segurar cada criança, cobrir seus ouvidos para que elas não tivessem que ouvir o som dos bombardeios pelo resto de suas vidas como eu tenho.
Hoje, meu corpo foi um massacre televisionado
E deixe-me te dizer, não há nada que as suas resolução da ONU tenham feito em relação a isto.
E nenhuma frase de efeito, nenhuma frase de efeito que eu possa apresentar, não importa o quão bom fique meu inglês, nenhuma frase de efeito, nenhuma frase de efeito, nenhuma frase de efeito, nenhuma frase de efeito vai trazê-los de volta à vida.
Nenhuma frase de efeito vai concertar isto.
Nós ensinamos vida, senhor.
Nós ensinamos vida, senhor.
Nós palestinos acordamos a cada manhã e ensinamos ao resto do mundo vida, senhor.
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We teach life, sir
Rafeef Ziadeh
Today, my body was a TV'd massacre.
Today, my body was a TV'd massacre that had to fit into sound-bites and word limits.
Today, my body was a TV'd massacre that had to fit into sound-bites and word limits filled enough with statistics to counter measured response.
And I perfected my English and I learned my UN resolutions.
But still, he asked me, Ms. Ziadah, don't you think that everything would be resolved if you would just stop teaching so much hatred to your children?
Pause.
I look inside of me for strength to be patient but patience is not at the tip of my tongue as the bombs drop over Gaza.
Patience has just escaped me.
Pause. Smile.
We teach life, sir.
Rafeef, remember to smile.
Pause.
We teach life, sir.
We Palestinians teach life after they have occupied the last sky.
We teach life after they have built their settlements and apartheid walls, after the last skies.
We teach life, sir.
But today, my body was a TV'd massacre made to fit into sound-bites and word limits.
And just give us a story, a human story.
You see, this is not political.
We just want to tell people about you and your people so give us a human story.
Don't mention that word "apartheid" and "occupation".
This is not political.
You have to help me as a journalist to help you tell your story which is not a political story.
Today, my body was a TV'd massacre.
How about you give us a story of a woman in Gaza who needs medication?
How about you?
Do you have enough bone-broken limbs to cover the sun?
Hand me over your dead and give me the list of their names in one thousand two hundred word limits.
Today, my body was a TV'd massacre that had to fit into sound-bites and word limits and move those that are desensitized to terrorist blood.
But they felt sorry.
They felt sorry for the cattle over Gaza.
So, I give them UN resolutions and statistics and we condemn and we deplore and we reject.
And these are not two equal sides: occupier and occupied.
And a hundred dead, two hundred dead, and a thousand dead.
And between that, war crime and massacre, I vent out words and smile "not exotic", "not terrorist".
And I recount, I recount a hundred dead, a thousand dead.
Is anyone out there?
Will anyone listen?
I wish I could wail over their bodies.
I wish I could just run barefoot in every refugee camp and hold every child, cover their ears so they wouldn't have to hear the sound of bombing for the rest of their life the way I do.
Today, my body was a TV'd massacre
And let me just tell you, there's nothing your UN resolutions have ever done about this.
And no sound-bite, no sound-bite I come up with, no matter how good my English gets, no sound-bite, no sound-bite, no sound-bite, no sound-bite will bring them back to life.
No sound-bite will fix this.
We teach life, sir.
We teach life, sir.
We Palestinians wake up every morning to teach the rest of the world life, sir.
http://resistencia4ever.blogspot.com.br/2012/11/ouca-o-israel_18.html
ResponderExcluirUm poema para os lideres sionazistas, dem uma olhada.